Gaspar Cohen

Nem Daqui, Nem Turista
2023 / Dec - Mar / Digital Video, 13m 08s

O Palácio das Belas Artes (PdBA) Lisboa inaugura com a comissão de uma instigante obra digital de Gaspar Cohen. Artista brasileire radicade no Porto, Gaspar especula, por meio de uma narrativa audiovisual, sobre a trajetória de uma palmeira encontrada por uma entidade futurísta que busca compreender sua forma e finalidades. O vídeo, que será exibido no PdBA Lisboa em Novembro, é um comentário crítico ao deslocamento e à espectralidade das relações de poder. Trata-se particularmente de uma determinada perspectiva colonial, mas não limitado à ela, abordada por Gaspar através da manipuação digital de found-footage e de imagens de drone da última palmeira do jardim, agora acimentado, do Palácio do Largo das Belas Artes.

*O Pátio do Palácio das Belas Artes

Jardins “exóticos” foram de grande popularidade na Europa ao longo dos séculos XIX e XX e neles, palmeiras coloniais erguiam-se entre os edifícios aristocráticos das cidades. A esbelta árvore centenária do Palácio traz à tona este passado colonial, mantido escondido em pátios aos fundos das casas, longe do burburinho turístico de Lisboa.

A Palmeira “Imperial” ganhou este título por ter sido introduzida em solo brasileiro em 1809 por D. João VI, tornando-se símbolo arbóreo do colonialismo no Brasil do século XIX. Originária do Caribe e da Venezuela, a árvore foi plantada pela primeira vez no Brasil no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e rapidamente se espalhou pela colônia e além à medida que suas sementes ganhavam status monárquico e valor capital. Na tentativa de preservar o monopólio institucional sobre a exposição desse acervo “exótico”, o Jardim Botânico ordenou a destruição de todas as suas sementes (1829), exaltando seu valor de troca.

Reza a história que, embora não circulassem sementes desta fonte, os escravos do Jardim saíam de suas senzalas à noite em busca das semetes para vendê-las por 100 réis cada. Esta narrativa contrasta com a distribuição gratuita de sementes pela Família Imperial Brasileira aos seus súbditos mais leais, que as então exibiam orgulhosamente em seus latifúndios e nobres jardins privados. Representando riqueza e nobreza, as sementes da Palmeira Imperial carregavam em si os traços de um sistema econômico cruel e explorativo, para o qual privilégios sociais superavam o desejo por uma sociedade mais justa e humana.

Através desta comissão, a palmeira do Palácio deixa de simplesmente atuar como representação ou símbolo, e passa a atuar como resto materiais de um passado pronto a ser revisitado. 

Ramon & Dori

Ruína do Futuro
2023 / Dec - Mar / Digital Video, 13m 08s

O Palácio das Belas Artes (PdBA) Lisboa inaugura com a comissão de uma instigante obra digital de Gaspar Cohen. Artista brasileire radicade no Porto, Gaspar especula, por meio de uma narrativa audiovisual, sobre a trajetória de uma palmeira encontrada por uma entidade futurísta que busca compreender sua forma e finalidades. O vídeo, que será exibido no PdBA Lisboa em Novembro, é um comentário crítico ao deslocamento e à espectralidade das relações de poder. Trata-se particularmente de uma determinada perspectiva colonial, mas não limitado à ela, abordada por Gaspar através da manipuação digital de found-footage e de imagens de drone da última palmeira do jardim, agora acimentado, do Palácio do Largo das Belas Artes.

Jardins “exóticos” foram de grande popularidade na Europa ao longo dos séculos XIX e XX e neles, palmeiras coloniais erguiam-se entre os edifícios aristocráticos das cidades. A esbelta árvore centenária do Palácio traz à tona este passado colonial, mantido escondido em pátios aos fundos das casas, longe do burburinho turístico de Lisboa.

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